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sábado, 8 de junho de 2019

Sobre o uso do Anel de Salomão na Goetia

Salomons Magical Ring of Silver or Gold
Ms Sloane 2731 - Clavicula Solomonis -1676


“O Anel Mágico Ou Disco De Salomão
Esta é a Forma do Anel Mágico, ou melhor, Disco de Salomão, cuja figura deve ser feita em ouro ou prata. Deve ser mantida diante do rosto do exorcista para preservá-lo das emanações fétidas e sulfurosas e do sopro flamejante dos Espíritos Malignos.
Lemegeton - Ars Goetia”


Lendo o texto alguns imaginam que os espíritos soltariam um gás tóxico, como aqueles dragões de filmes de fantasia que soltam fumaça e fogo pela boca.
Certamente o anel não se trata de uma espécie de “máscara contra gases”.
Se fossem gases materializados nenhum anel protegeria.
Basicamente é uma figura de linguagem que foi usada para expressar o tipo de energia e até influência relacionadas à presença dos espíritos.
Lembremos inicialmente que no passado não havia expressões para designar o que chamamos hoje de “energias espirituais”.
Vamos lembrar que até pouco tempo atrás, o vácuo do espaço sideral era chamado de “Éter”.
Claro que em determinados rituais com uma boa preparação podem ocorrem manifestações maiores com sensações bem intensas, inclusive perceber odores no ambiente. Isso ocorre também em magia Angélica.
Mas ainda bem longe de algo como uma nuvem de gás tóxico radioativo saindo da boca de algum espírito capaz de dissolver o magista como se fosse ácido.
É a mesma coisa quando alguém fala que alguém tem uma “língua venenosa”. Na verdade, são as palavras da pessoa e não um veneno químico.

O anel de Salomão é para ser usado com todos espíritos, da mesma maneira que o triângulo.
Ocorre que estas ferramentas são descritas, mas são citadas explicitamente nalguns poucos espíritos. Porém com certeza aplica-se a todos.
Na Goetia de Dr Rudd, Stephen Skinner apresenta um enorme texto sobre o anel e suas origens, citando as diversas fontes que deram origem a Goetia que é bem posterior.
Inclusive cita que o mesmo seria feito de latão e ferro, o latão para os bons espíritos e o ferro que é temido pelos espíritos então usado para os maus espíritos. É por isso que a faca e a espada são feitas em ferro.
Alguns textos citam anéis feitos de cera de abelha.
Lon Milo Duquette vai até pouco mais longe dizendo que anel na prática pode ser feito de outros materiais e até de papel.

No Testamento de Salomão, do Século III, que creio ser o mais antigo catálogo com referência a alguns dos dæmons que Salomão controlou, o anel é indicado para comandar os espíritos e não para proteção.
No seu livro “Illustrated Goetia”, Lon Milo Duquette cita um caso sobre uma pessoa que conhecia e, que durante uma evocação de Astaroth, viu no triângulo uma mulher belíssima da qual se enamorou instantaneamente ao ponto de esquecer do propósito da evocação. O templo teria ficado preenchido com um perfume intoxicante que parecia vir da boca dela e ela o chamou para fazer amor com ela. Foi apenas por acidente que ele viu o anel e percebeu a necessidade de se proteger, não contra uma respiração fétida de um monstro, mas para não mergulhar naquela energia tão inebriante que tentava iludi-lo para levá-lo para o triângulo.

Então vejamos que o anel ajuda a manter a mente do magista protegida e também como ferramenta de comando, o que obviamente também tem uma função protetora.
Vejamos as descrições na Ars Goetia.
Geralmente são citadas “emanações fétidas do espírito”.
Ou “fumos sulfurosos fedorentos e flamejante respiração”.
“Emanações”, “fumos sulforosos”, “respiração de fogo”...  Tudo isso são figuras de linguagem!
Repito, os dæmons não vão aparecer cuspindo fogo como dragões de filmes de fantasia.
Até poderão manifestar-se visualmente dessa forma, mas é pouco provável que incendeiem seu templo com labaredas de fogo saindo pela boca!
Se a coisa fosse assim explicitamente, tenham certeza de que a maioria dos magistas teriam morrido muitos séculos atrás e vocês jamais teriam sabido de sua existência e muito menos estes livros seriam conhecidos em público.
Ou seja, simplesmente é uma expressão descrevendo as energias feitas dúzias de séculos atrás, noutra realidade social e cultural.
Uhm?
É a mesma coisa se alguém falar para se proteger contra a língua venenosa de alguém!
Assim, uma das interpretações é de que ajuda a proteger a mente do magista contra a interferência do espírito.
O Selo de Salomão é uma peça chave e usado como emblema de autoridade. O anel que é citado muito tempo antes nos textos mais antigos, tem uma função semelhante, como um ponto de foco de força, e esse tem símbolos incorporados no Selo de Salomão. Assim o anel atua de certa forma da mesma maneira que a vareta.
Então vejamos como os espíritos são citados na Ars Goetia.
Beleth – ter um anel de prata no dedo médio da mão esquerda da mesma maneira que se faz para Amaimon. O anel é para protegê-lo da “respiração flamejante” do Espírito enfurecido.
Berith (Beal). Usar o anel como descrito para Beleth.
Astarot - Ele tem um “hálito fétido e nocivo” OU "respiração ruidosa" (depende da edição) e o exorcista deve segurar seu Anel Mágico (conforme citado nas ferramentas) junto de seu rosto e esse irá defendê-lo. Veja o exemplo citado acima de Lon Milo Duquette sobre a pessoa que quase foi iludida para sair do círculo.
Novamente nada de gases, nem línguas de fogo mas claramente uma figura de linguagem no meu entender. Ou seja, mostra que o espírito pode tentar ser muito persuasivo influenciando o magista.
E como os grimórios clássicos são na verdade livros de anotações, daí ocorrer de citarem prata esquecendo que ouro também pode ser usado.


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